Estudantes realizam intervenção pedagógica com temática étnico-racial

by PROEC Diretoria de Cultura

Estudantes do 3º ano de Pedagogia – Noturno (Campus de Jacarezinho) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), realizaram intervenção pedagógica no setor de educação infantil do Complexo Educacional Gastão Mesquita Filho, em Jacarezinho. A ação que abordou as relações étnico-raciais aconteceu na manhã de quarta-feira, 4 de dezembro, sob a coordenação do professor-doutor e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI/UENP), Antonio Donizeti Fernandes.

Durante a ação, estudantes de Pedagogia falaram de vários temas relacionados à temática étnico-racial na escola, a partir das Leis: 10.639/2003 e 11645/2008 que modificaram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/1996), a LDB. “Preconceito, racismo, discriminação racial, diversidade, identidade, História da África, História dos Indígenas, sim, são temas que devem ser abordados e discutidos também na Educação Infantil, tal como podem ser interpretados para essa seriação, a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais de 2010”, afirma Donizeti.

Os alunos do complexo educacional, com idades entre 5 e 6 anos, ouviram a história “Lukenya e seu Poder Poderoso”, escrita por Odara Dèlé e  contada pela estudante Tamiris Barros Zanella com palitoches (fantoches com suporte de palito). A aluna apresentou a temática da identidade negra e também tratou sobre História da África. A autora da história de Lukenya foi uma das palestrantes da edição 2019 da Semana Educacional do Curso de Pedagogia. Na ocasião, a professora falou sobre “afropedagogia” e “afroletamento”. Em sua dedicatória, presenteou alunos com um dos exemplares que foi doado à escola onde ocorreu a ação.

“É legal perceber a reação e o interesse das crianças com a história, pois elas nunca tinham tido contato com histórias nas quais os personagens eram negros, segundo elas mesmo relataram. O enredo do livro é bastante complexo, por isso foi desafiador contar a história e representá-la para os alunos da Educação Infantil. Foi necessário fazer algumas adaptações para que eles pudessem entender. No fim, tudo deu certo e vi que as crianças gostaram bastante e se identificaram com a história de Lukenya”, afirma Tamiris.

Segundo a coordenadora da Educação Infantil do complexo educacional, Edineia Aparecida de Oliveira, a temática étnico-racial nunca havia sido abordada de maneira específica na instituição. “São muito importantes intervenções como esta, que deveriam ser feitas em todas as escolas. Infelizmente, este ainda é um tema falado apenas no Dia da Consciência Negra, mas não no cotidiano da educação, e existe muito racismo dentro das escolas. A conscientização é a nossa maior arma para lutar contra o preconceito”, destaca.

“Tivemos uma abordagem política para falar sobre a Cultura Afro dentro da escola. Procuramos falar de diversidade e relações étnico-raciais porque a educação é uma questão política. Fizemos uma arrecadação e doamos 6 livros com histórias sobre a negritude para o acervo da escola. Além disso, contamos histórias, trouxemos personagens e buscamos incentivar um sentimento de pertencimento e interação dos alunos com o enredo, fugindo da contação de histórias tradicional, buscamos o fortalecimento do aspecto do prazer e da alegria na sala de aula”, detalha a estudante Gisele de Oliveira Sauerzapf Souza.

A proposta de intervenção faz parte do Estágio em Gestão Escolar, previsto pela Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Licenciatura em Pedagogia, acrescenta o professor e coordenador Antonio Donizeti: “Realizamos esta com as crianças e professores sobre uma temática extremamente importante que são as relações étnico-raciais. O resultado está aqui: todos os alunos muito interessados nos cabelos, na aparência, nos personagens, bem como a professora  que nos recebeu muito carinhosamente. Eles se identificaram com os livros, com as histórias, com os assuntos apresentados. Sem dúvida foi uma intervenção positiva e impactante”, conclui.

Além dos acadêmicos já mencionados neste texto, fizeram parte da intervenção os seguintes estudantes: Ana Paula Marciano, Bianca Roberta Couto, Isabella Santiago, Lucilene Aparecida Costa, Patric de Mello Martins, Rafaela Maximiano Ciquelero, Renata Menezes Faschi, Sandra da Silva Guilherme, Sueli Parecida Guedes Cubas e Vitorugo Sérgio Escaraber Selpa.

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