Por volta das 14h, os músicos do grupo curitibano Bananeira Brass Band começaram a aquecer seus instrumentos na parte externa do Auditório, chamando a atenção de quem passava pelas ruas do Campus Luiz Meneghel, em especial dos estudantes de Ciências Biológicas, cujo bloco está localizado em frente ao Thomaz Nicoletti. Estas foram as “boas-vindas” do grupo ao público, que se direcionou ao Hall de Entrada do Auditório para mais apresentações.
A primeira apresentação foi realizada pela estudante de Sistemas de Informação, Rafaela Oliveira. A aluna integra a plataforma UENP Talentos e trouxe para o público um repertório de artistas como Baden Powell e Seu Jorge. A apresentação de Rafaela foi seguida por uma fala do professor-doutor Antonio Donizete Fernandes, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da UENP (Neabi).
“Nós estamos em um país no qual mais da metade da população é negra, mas ainda assim, estes povos são invisibilizados. O nosso Núcleo desenvolve pesquisas sobre as populações afro-brasileiras e indígenas, povos poucos estudados e pouco compreendidos. Eventos como esse têm a missão de mostrar que os negros e índios são também brasileiros e contribuem sobremaneira para a nossa cultura e para a nossa sociedade”, argumentou o professor Donizete.
O diretor de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, James Rios, falou sobre a concepção do evento e o contexto do negro no Brasil. “A população negra do Brasil é minoria nas Universidades. Quando não está no ensino superior, ela está em espaços simbolicamente muito negativos: está nos guetos, nos presídios, está fora da mídia. O objetivo da mostra é ser uma resistência ao racismo. E a UENP sempre se posiciona neste sentido, o de abrir as portas para a população afro-brasileira”, afirma.
Após as falas, a Bananeira Brass Band tomou conta do palco e do público. Um show dançante e envolvente “sem preconceitos”, como afirmam os integrantes do grupo, cujos ritmos vão do funk ao jazz. Tudo isso executado em música instrumental com metais e percussão, fazendo a plateia dançar. A banda de Curitiba é formada por músicos oriundos de bandas marciais, que decidiram se juntar para fazer “música de resistência”.
A estudante Isabela Valim, do curso de Ciências Biológicas, aprovou a experiência. “Foi muito boa essa apresentação musical, algo muito raro em nosso Campus. É muito bom que haja manifestações culturais na nossa Universidade, e esperamos que aconteça com ainda mais frequência, especialmente com artistas fora do mainstream”, relata.
Para a acadêmica Milena Vicentim, de Ciências Biológicas, a Mostra Afro-Brasileira traz um novo olhar para a comunidade universitária. “É um evento que promove o envolvimento e a conscientização dos nossos estudantes para a cultura negra. A Universidade é um local de movimentos culturais plurais, e nós queremos ver mais manifestações como esta no CLM”, acrescenta.
Por fim, o público conheceu as esculturas do artista jacarezinhense André Reis, sob a mediação da acadêmica de História, Ana Paula Oliveira. As obras de Reis representam orixás e outras figuras das religiões afro-brasileiras como a Umbanda e o Candomblé. Cerca de 100 pessoas prestigiaram a apresentação.
A Mostra, que teve início no dia 31 de outubro, será realizada até 23 de novembro nos municípios de Jacarezinho, Bandeirantes, Santo Antônio da Platina e Cornélio Procópio.