As apresentações da noite tiveram início com duas cenas teatrais. “Sorriso Negro”, interpretado por Cleiton Oliveira, e “Preto no Branco”, por Larissa Souza. O evento contou ainda com as apresentações musicais de MC Kueyo, Bob Zum, Banda Expresso Outrora, Tons Afro de Ourinhos, e Forró da Lua, de Tatuí, e com a exposição dos artistas plásticos André Reis, de Jacarezinho, e Raphaella Martins (Mei), de Curitiba. O Sarau promoveu também apresentações do Grupo Capoeira e Cidadania, do Mestre Valtinho; da Escola de Samba Acadêmicos Capiau, e do grupo de Maracatu do CCHE, do Campus de Jacarezinho.
O diretor de Cultura da UENP, James Rios, ressalta que a Mostra de Arte Afro-brasileira da UENP/SESI/IFPR tem o intuito de ser um ato de resistência por meio da apresentação dos costumes das comunidades africanas e afro-brasileiras, representadas nos vários eventos da Mostra nas mais variadas formas de arte. Durante a fala na solenidade de abertura, James agradeceu aos parceiros e artistas que possibilitam a realização da Mostra neste ano. Recordando seu lugar de fala, ele refletiu sobre o ato simbólico de se realizar o Sarau no CAT. “Esses espaços, os teatros, no Brasil, no mundo, não foram feitos, infelizmente, para nós negros. Mas estamos aqui”, acentuou.
“Mas tudo isso graças a luta de diversos movimentos sociais, de diversas pessoas, e pela resistência das casas de Candomblé, Terreiros de Umbanda, grupos de capoeira, escolas de samba que há nessa cidade. E a Universidade tem um papel muito importante de fazer com que efetivamente toda essa memória ancestral seja preservada”, acrescentou.
A assessora de Cultura do SESI, Beatriz Cunha, partilhou a felicidade por participar do evento e agradeceu aos artistas expositores. “Estou muito feliz por estar aqui hoje. É o segundo ano do SESI na Mostra e quero destacar o quão importante é nesse momento a união das Instituições que promovem cultura, para que afirmemos a importância da arte como propulsora do desenvolvimento”, destacou.
Para o coordenador do NEABI da UENP, Antônio Donizetti do Nascimento, o I Sarau da Negritude foi um evento histórico para a Universidade e para Jacarezinho. “É um imenso prazer estar aqui, um momento histórico pela representatividade das pessoas que estão aqui. Pessoal do Axé, pessoal da Capoeira, do Samba, todas as manifestações da cultura brasileira, da cultura afro-dispórica. Uma cultura que tentaram silenciar, mas não conseguiram. Prova disso é que estamos aqui e cada vez mais próximos de África”, refletiu.
“Essas manifestações culturais são de fundamental importância para mostrar não o quanto sofremos. O contrário, para mostrar que somos um povo forte, guerreiro e permanecemos na luta com todas as nossas expressões culturais, artísticas e políticas”, acrescentou Donizetti.
O coordenador do NEABI do IFPR, Welk Daniel, ressaltou a importância da realização do evento e agradeceu a parceria com a Universidade e o SESI. “É muito bom estar aqui nesse momento. Esse é um evento de resistência e hoje tivemos uma grande notícia que nos dá forças para continuar pensando os movimentos sociais, as minorias, principalmente, nesse momento de ataque. Trabalhar as questões da identidade negra dentro da cultura, da arte, mas também dentro da educação é muito importante. É necessário discutir a questão da identidade negra em nossa região e a Universidade, o IFPR e o SESI estão contribuindo muito para isso hoje”.
Participaram também do evento, o presidente do CAT, Oscar Oliveira; a técnica de atividades Culturais do Sesc Jacarezinho, Elaine Stramare, o assessor de Cultura de Jacarezinho, Cleiton Oliveira; o presidente da Escola de Samba Acadêmicos Capiau, Alfeu Junior, o pai pequeno da Roça de Candomblé Airaleci, senhor Marcelo Lavorato, além de professores e estudantes da Universidade, Instituto Federal e Colégios de Jacarezinho. Para realização da Mostra, a Organização conta com apoio do Neabi UENP, NEABI IFPR, DCE UENP, Mitra Diocesana de Jacarezinho, Prefeitura de Cornélio Procópio, Prefeitura de Ourinhos, CAT, Escola de Samba Acadêmicos Capiau e Projeto Identidades Visuais do CLCA/CJ.
Homenagem
Durante a solenidade de abertura do Sarau, o diretor de Cultura James Rios, em nome da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UENP, prestou homenagem à Yalorixá Maria do Carmo Craveiro, Mãe Carmem, de Jacarezinho. Mãe Carmem recebeu uma menção honrosa da Universidade em reconhecimento às atividades culturais e religiosas realizadas em prol da comunidade afro-brasileira do município, onde possui uma Casa de Axé. A mesma homenagem foi realizada, em 2015, ao Ogã Mestre Capu.